Fanfic, inspirada em outras duas historias dentro do universo Saint Seiya, escrita com incentivo e revisão da autora de Guerra e Paz Kimonohi Tsuki, a fanfic onde se passa o universo principal, sendo essa uma homenagem sincera a autora e sua historia.
Em teu nome
Pulsação...
Isso tinha dado muito
errado, fora do seu controle, não era para ser assim.
Pulsação...
Poderia um corpo sem coração estar pulsando tão
fortemente? Uma alma sem corpo sentir um tormento de lágrimas?
Aquela menina mimada nunca deixaria de ser apenas uma
menina tola, ele tinha calculado os riscos, porém nada o havia preparado para ver seu irmão
tão desolado.
Em teu nome.
Mesmo assim ele precisava acreditar que a deusa iria
emergir, ele contava com a sabedoria, com a parte divina da Athena, que era a
protetora do amor e da paz na terra, o consolo dos homens.
Em nome de quem, ele lutava, em benefício do que ele
abnegava de sua existência ...
Se ele pudesse gritar, berrar a plenos pulmões sua
resposta seria por amor, por amor a todos, ele só queria a paz, só queria que o
amor fosse maior que tudo.
Pulsação...
Estava no limiar entre a vida e a morte, não era nenhum
dos dois, não era santo, não era Deus, não era Imperador, não era Vida.
Se ao menos ele tivesse escolha, se ao menos sua
vontade tivesse sido considerada.
Seu coração estava em sombras negras.
Ele nunca teria sido cavaleiro para começar, ele não queria
guerras, não queria sofrimento, não queria mortes que no seu entendimento eram
absurdas.
O caminho para obter a paz era a guerra?
O resultado de uma batalha era outra batalha? O fato de estar vivo,
de existir, já o tornava um
assassino.
Em teu nome.
Ele estava abalado, não se preparara para o que
presenciou, nada podia lhe preparar para a reação do Pégaso, foi demais para
ele.
Humanidade.
Ainda haveria humanidade no novo imperador do submundo,
haveria ainda um coração e pulsação?
Em teu nome.
Sua falha, pulsação...
Seu irmão, sempre seu protetor, sua devoção extrema.
Mesmo que todos fossem seus meios irmãos, sua ligação
com Ikki sempre fora mais profunda.
Ikki o criara, abnegado de tudo em seu favor, seu amor
sempre foi maior que ele próprio, “Kagaho de Benu” ele tornou-se Espectro sem nem
pestanejar.
Aos olhos de Ikki não havia dúvidas, medos, incertezas,
havia somente Shun, seu bem mais precioso, seu maior apreço, tudo o que
realmente importava, ele vestiu a Sobrepeliz sem nem pensar e permaneceu fiel
ao que seu coração comandava.
Havia também Hyoga, ele sempre ouviu os lamentos do
coração do Cisne quando se permitia sentir, ele percebia o sofrimento do irmão
com tanto pesar, com tamanha dor, que muitas vezes teve que se conter para que
não sucumbisse a vontade de abrandar aquela dor, aquela mágoa, o coração tão ferido.
Sentia imensamente a sua falta, mas Shun não tinha o
direito de interferir em sua vida, ele era o Cisne por escolha própria tinha se
convertido em cavaleiro de Athena para poder ver sua mãe, poder estar com ela.
Andrômeda ou Santo de Virgem e definitivamente Hades ou
parte de Hades, não podia lhe pedir para que ficasse com ele, seria egoísmo,
não era seu direito impor tamanha decisão ao loiro.
Mesmo que esse fosse tão próximo de si como a Fênix, o
carinho era igual, jamais poderia o sujeitar a isso.
Seu amor era imensurável.
Ele era candura, pureza a alma mais nobre, aquele que
se sacrificaria pelos outros.
Em vida viveu sob a regência do amor em forma plena, o
amor mais completo, real e sublime, o amor pelo próximo, pelos homens.
Por todos aqueles que não podiam se defender dos mandos
e desmandos de deuses que apenas não se importavam com nada além de si mesmos.
Pulsação ...
Shaka seu antigo mestre, seu guia, aquele a quem era
tido o mais próximo de um deus, quanta singularidade, quem pensaria que esse deus
ao contrário do senso comum, não era apenas Buda, sim isso não era mentira,
porém não apenas a Buda o Santo de Virgem era próximo, mas também ao deus dos
Mortos, Hades.
Ninguém desconfiava, portanto Shaka ainda não havia
aceitado que seu amado discípulo, a quem tinha como um filho, aprendeu a ter
verdadeiro carinho pelo aprendiz, Shun o conquistou com sua bondade, com sua
empatia, o que faltava no virginiano dourado sobrava no garoto de bronze:
Compaixão.
Em teu Nome...
O amor, era apenas pedir demais, que mesmo ele sendo
herdeiro legitimo do Imperador dos Mortos, o mais poderoso Santo de Virgem,
aquele que tinha a alcunha do poder divino, se Shaka era o mais próximo de um deus,
Shun estava ao nível, dos deuses, ele nunca escolheu a guerra, sua estrela
desejava a paz.
Isso era mais do que poderia suportar, não era justo
encontrar os olhos que o encaravam com espanto e surpresa, não deveria ter a
encontrado, era o momento errado, ele sabia, estava sobrecarregado, precisava
ter sido capaz de ter evitado esse embate, não era para ser assim, ela não
deveria ter lhe encontrado, ele não podia ter ido em sua direção, porém estava
esgotado, sua percepção falha, esse erro era o pior que poderia acontecer.
Em seu nome ... Pulsação ....
Ouvir seu nome dos lábios de June fez um arrepio correr
em sua alma.
Há vinte anos quando aceitou seu destino ao lado de
Marin e tombou inconsciente no chão e toda verdade foi revelada sobre seu
verdadeiro estado, sob as chagas em seu corpo, ele sabia, fazia tudo por amor,
amor a todos, sua alma maculada, sua pureza ferida, a negação de Cisne, o
desalento da indiferença de Saori e a lealdade insana de Ikki.
Tudo por seu nome, em nome do amor, a pulsação de um
coração morto, a alma sem um corpo.
“Em teus olhos o universo se encontra
Tão profundo infinito de escuridão e estrelas
Aos cristais esverdeados em farelos
Perdem-se.”